quarta-feira, 14 de março de 2012

O GATO SÊNI E A MENINA


Era uma vez uma menina que gostava muito de bonecas, Barbies. Vestia e despia-as. Penteavas e despenteava-as. Punha-as a dormir e acordava-as. Fazia-lhes festas e batia-lhes. Estavam doentes e tratava delas e levava-as ao médico para as ver. E não chamava a enfermeira para lhes dar as injecções porque era ela que o fazia. Mas as bonecas não andavam sózinhas e nunca faziam asneiras porque não eram teimosas não tinham vida própria nem falavam, nem sequer miavam.

 Ah ! era isso, nem sequer miavam! ao menos poderia ter um gato fofinho, a quem daria comida seca de gatos com sabor a frango ou salmão porque ouvira dizer que assim as fezes não teriam mau cheiro. Então pediu à mãe um gato e ela disse que sim, que qualquer dia trataria disso.. e nunca mais tratava. Estava farta das bonecas. Um dia uma amiga da menina disse-lhe que a sua gata dera à luz uma ninhada de gatinhos. A menina nunca vira uma gata dar à luz. Pensou, também vou ver porque irei ter uma gata. E teve e viu , durante 5 horas,a sua gata dar à luz, só de uma vez 13 gatinhos, mas a gata morreu, foi atropelada e ela teve que alimentar a biberão os gatinhos bébés, que ficaram com muitos piolhos porque não timham mãe para os lamber. Ficou com o gato mais forte, era pretinho e baptizou - o com o nome SÊNI , quase igual ao da sua boneca preferida.

Tratou de que nada lhe faltasse, daí em diante seria tratado como um filho. Foi com a mãe ao Supermercado e compraram : uma cesta de transporte para o levar à clinica veterinária quando precisasse de vacinas, uma caminha, areia para a caminha, uma coleira vermelha para afastar os parasitas, comida seca com sabor a frango ou salmão, porque a de lata ouvira dizer que não fazia bem aos gatos e fazia com que as fezes cheirassem mal. O gatinho tornou-se o companheiro inseparável da menina, ela alimentava-o, fazia-lhe festinhas, levava-o ao médico, falava com ele e via -o crescer e ele seguia-a para todo o lado e ela mirava-lhe todos os gestos e atitudes.

 E o gato SÉNI foi crescendo, saindo à rua, de dia de noite, por pouco tempo por muito, ela chamava-o e no principio vinha logo depois só quando lhe apetecia, no inicio só queria festas, depois só quando lhe apetecia e a menina mirava-lhe todos os gestos e atitudes, quando o gato chegou à juventude da idade adulta os gatos e gatas das redondezas apareciam pela noite e miavam, miavam e ele fugia de casa para se juntar aos amigos e quando aparecia  passados dias vinha ferido das lutas que tivera na sua ausencia com outros gatos. Um dia teria que ser castrado e quando chegou a altura passados alguns anos foi. E a menina mirava-lhes os gestos e atitudes. Nos dias quentes de verão o gato procurava a sombra no quintal da casa. Era aí que o seu jeito felino o impelia a caçar : ora ratos ora  pardais . E deitado na sombra, à distância, exibia os troféus de caça que jaziam para sempre no chão, ratos e pardais com penas a esvoaçar e a menina mirava-lhe todos os gestos e atitudes.

O gato tornou-se adulto, envelheceu e cada vez mais independente, saía quando queria, dormia quando queria, brincava quando queria, respondia à sua chamada quando cria, arranhava e mordia quando cria, só aceitava festas quando queria, a independência faz parte da sua natureza . Mas agora está muito velhinho e passa a maior parte do tempo a dormir para que o tempo passe na casa da menina que lhe mira todos os gestos e atitudes...

...E a menina cresceu...

E o SÊNI  mirava-lhe todos os gestos e atitudes.

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