sexta-feira, 29 de novembro de 2013

PERCO SEMPRE AS CHAVES

Desde miúdo que perco chaves. Agora quando isso acontece já não me surpreendo. Ando sempre à procura delas ou de quem me abra as fechaduras. Quando me lembro de as pôr em lugar seguro mais à frente não sei onde as deixei. Com o avançar da idade aprendi a despreza-las. Ou as deixo na porta ou as escondo não longe da  fechadura. Até já perdi chave de cofre. Segredos não são comigo, Afinal isto de perder as chaves tem a ver com uma atitude perante a vida. Nunca gostei de estar preso. Nunca suportei esconder ou fingir o que não quero ou não gosto. Estar amarrado numa casa, numa ideia, numa filosofia, numa doutrina, num único amor, não e não.  Sou adepto do livre pensamento. Admito a diferença entre seres humanos que não usam chaves para  fechar suas vida. As minhas portas são abertas de par em par tal como o meu coração para que entre a vida ...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

a infelicidade de Mariza

VIANA, LUANDA , 5ª Feira, 07:00 h, 28 11 2013 . Mariza está com uma "infelicidade". Faleceu alguém que lhe é próximo. Aguarda o apoio de  transporte para o seu trabalho. Numa empresa de construção sediada na ZEE. Está triste. Mas este dia vai passar e ela bonita como é vai voltar a sorrir. Espero voltar a vê-la !

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ame ame ame [eu sou aquele que é (dialecto Umbundu)]

Domingo resolvi ir ver o mar. Tomei o lugar num taxi, Hyundai 23  lugares. Coubemos + 10. Tarifa única a pagar na chegada ao cobrador 100 AKZ. Um pão custa 15  AKZ. Uma Casal Garcia no Restaurante 2.200 AKZ. Uma cerveja 100 AKZ. Partida Viana. Destino Cacuaco vila, Pelas 08:00 h da manhã vejo o mar. Antes perguntei na rua onde ficava a praia. Viras à direita ali à frente a 50 mts encontras a praia.
Fico decepcionado a areia é escura mas fina. Não se vê quase ninguém. Homens e mulheres de ancinho e fatos amarelos apanhar o lixo da areia. Mais tarde um carro do lixo. Os jovens constituem equipes para um jogo de futebol de prais com balizas pequenas, tipo do hoquei ou simplesmente duas garrafas espetadas na areia. vestem se com camisolas do Real e do Barça e algumas do Girabola. Apreciob os dons de alguns deles. Até apreciei um que dava várias toques na pelota sem deixar cair para espanto meu, Estava andar naquela praia e lembrava me de uma que nunca gostei a de Matosinhos por ser de areia fina e feia. Até que um jogador me disse : " ponha o telemovel no bolso porque aliu à frente há bandidos". Obrigado. Ali à frente era uma espécie de lota onde os barcos de pesca artesanal vendiam o seu peixe. Tamboril ou parecido, peixe espada, carapau, linguado, garoupa, chocos....e mais que não sei o nome . Fui sp um potencial comprador que recusei. Estava mais interessado nas coisas raras e no observação de rostos e comportamentos sem os perceber bem ..... por agora chega ... depois direi .....até que alguém me chamou : - Pula anda aqui.
- Não não sou Pula.
- Então ?
- Não és Francês ? Então és Tuga.
- Concordei e aproximei me, porque ... ame ame ame

sábado, 12 de outubro de 2013

O Resgate da Cruz dos Franceses, 2013 - Serra da Labruja

Que fazemos com estas recordações ?
 Saiu-lhes da boca ... ouvi, ... e gostei :
  - " na floresta recordações são pinhas"
  ( como diria Morim )












quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Limpeza da Cruz dos Franceses - Serra da Labruja (41.859519,-8.605203)

Concentração : Albergue de Peregrinos de Ponte de Lima
Presenças : 7
Presença Coptada "in situ" : 1
Alto Patrocinio : Camara Municipal de Ponte de Lima
Ação : Desobstrução da Cruz Francesa e levantamento de Mariola de piquete de guarda  , deslocamento de calhau com seta amarela para a direita e frente de Cruz no itinerário íngreme da Labruja.

Ação de Graças : MATA BICHO : Tasca das Fodinhas ( malga de verde branco com patanisca de bacalhau )

                             ALMOÇO : Largo das Freirias : ( mesa à sombra recheada de arroz de feijão, panados , maduro branco do cartaxo, cerveja, seven up, bagaço e café e muitas doses de companheirismo, saber estar e respeito a deitar por fora dos copos.


ASSIM VALE A PENA .....

domingo, 22 de setembro de 2013

as " gelosias " da FÉ

As gelosias são uma espécie de persiana francesa de janelas. Separa o dentro do de fora. A mim sempre me intrigou o que esconde e se esconde dos outros. É isso que me acorda para a vida. A descoberta dos segredos ocultos, os mistérios na escuridão. Para quem gosta das coisas claras e sem rodeios é nisso, que repara , nesses pormenores construtivos feitos para separar os homens e as mulheres dos olhares indiscretos. Uma dúvida persiste . Onde ? em que lado está a razão ?  in ou out -- gelosias ? feitas de madeira, aluminio, cerâmica. Estão por todo o lado. Brasil como canta "Chico Buarque ". Médio Oriente com as "macharavias" . Igrejas católicas com os biombos de Confessionário. Colégios Católicos como este aqui em Angola -Luanda Sul.
Será apenas um pormenor arquitetónico para dar luz e sombra ? para protecção da intensidade dos raios solares, do calor , para refrescamento do interior das habitações. Ou arma de combate ao ciúme mandada construir pelo Senhor e amo de donzela escravizada ?  Oculta de tentações demoníacas.

è tudo isto ....

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

o meu CHARÁ SANTOS

Domingo, 8 SET 2013.
Levei o pano para que o alfaite me fizesse as cortinas . Coisa simples. Dirigi-me ao mercado das manguinhas, naa imediações da Rua da Brasileira no Caop 1. Gosto de passar por lá de vez em quando. Nessa Praça encontra-se de tudo. Está tudo ordenado por secções. Quando saí de casa sabia exactamente aonde me dirigir. Já lá tinha passado em diferentes ocasiões. Queria ir à zona dos alfaites. A praça fica do outro lado da rua. Em frente à minha casa. Atravessei a ponte na rua Luanda- Catete neste ponto.Passei pela passagem de nível, vi os táxis que levam para a Boa Fé. Virei à direita onde estão as vendedeiras de rua - as zungueiras - senti os cheiros, vi as cores e os corpos brilhantes delas. As crianças a brincar, Mais à frente virei à esquerda e passei pelas lojas de maquinas de lavar, frigorificos, pequenos geradores e algum mobiliário. Entrei finalmente no mercado, pela pequena porta de entrada. Vi os vendedores de CD´s e cartões de memória, portas USB, colunas de onde saem os sons de musica Rap ou de batida africana. Passei pela zona de venda de panos, para vestuario de mulher, pela secção das sapatilhas ( muitas delas em 2ª mão ) , T-shirts, camisas, pelas cabeleireiras fazendo cabelos , tranças ou carrapitos ou outros, passo ao lado da venda de peixe seco e carnes. Chego finalmente a zona dos alfaites, Hoje estão poucos a trabalhar. escolho um mais velho. Não soube bem porquê talvez fosse mais honesto e me levasse barato. Disse-lhe ao que ía. Apresentei-lhe o pano e descrevi o que queria. Esperei 1/2 hora não mais. No final 1.500AKZ a pagar ao meu Chará porque tinha o mesmo nome que eu : SANTOS.
Correu-lhe bem a manhã. Um Pula paga sempre mais caro. Porque o dinheiro dele pesa na sua mão. Isso pensa ele,

domingo, 11 de agosto de 2013

atelier de costura das manguinhas

singers e alfaiates...levarei lá um dia as minhas cortinas

Comidas e costumes de Angola

 *Macesse*, _m._ Larva de um lepidóptero diurno, comestível e muito apreciada pelos Indígenas africanos. Fonte de proteínas . Se já comi ? ainda ...........

mãe comendo funge, dijungo e carapau grelhado

domingo, 7 de julho de 2013

AAA-Sobreviver com A(rte)À(frica)A(ngola)- combater a necessidade

não me surpreende o luxo dos ricos
os carros de alta gama deles
as casas muralhadas onde se escondem

estou do outro lado da rua

onde se vende pela mão dos pobres
coisas da arte que há neles
nas lojas, passeios, mercados e onde podem





sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

El burro " GENARO "

No caminho francês de Santiago, 2012, ao 23º dia entre Ponferrada e Villafranca del Bierzo, cruzei-me com  este ilustre peregrino ( que, como um asno, teimoso, apesar de se deixar fotografar, não arredava pé dali  ! ) :

- "el bueno de «Genaro», el asno más famoso de VALTUILLE DE ARRIBA,que pertenece a Villafranca del Bierzo y quizá de todo LÉON, por haber salido en portada de una revista. «Genaro», paciente y sereno como la mayoría de los burros, pone su sensatez al servicio de las muchachas, que lo acarician, le hablan, le saludan y pasan media tarde con él. «Le queremos mucho, porque es muy bueno».

domingo, 13 de janeiro de 2013

GERÊS : etapa 5 ª - "Francisco's Birthday""

Muere lentamente
quien destruye su amor proprio, quien no se deja ayudar ...
 NERUDA, pablo
 

O Trilho : no dia do "Happy Birthday of  Francisco"
05Jan2013
das 18:50 h às 21:00 h

" Vocês agora ficam aqui enquanto eu vou à procura dos outros. O meu Tio está na Vila. Já falei com ele ... vai ficar à nossa espera. Chegou lá àcerca de 1 hora atràs."

 O M. só queria ver o F. fazia-lhe falta o companheiro do mesmo agrupamento de escutas e da mesma escola. Alunos na Escola Secundária, Barcelos. As tristezas e as alegrias nas suas vidas são de ambos ... sociedade de amigos !

 Não muito depois, ouvem-se gritos de euforia e alegria que rompem o silêncio da noite e atravessam o mato na nossa direção. O Mega havia localizado os outros e trazia-os de volta ao nosso trilho. O F. também, claro !

Já não sentíamos medo, agora todos juntos, sabíamos que era uma questão de tempo, cuidado no avançar, e que ninguém se magoasse. O terminar tarde esta expedição seria o menos importante desde que chegássemos sãos e salvos ao Gerês.

 É-me oferecido um "cachorro" pelo bom do M. que já tinha acesso à sua mochila nas costas de F. Recusei, mas agradeci. Ele só lamentava ir perder o leitão à moda da Bairrada que o pai comprara para a ceia na noite dos Reis Magos. Em casa ou na Meta dos Leitões, Bairrada  (uma boca ).

 A alegria que sentia ao observar e ouvir estes jovens era o meu alimento e suprimia qualquer carência substituída pela abundante satisfação e prazer por fazer parte deste grupo de excecional sentimento solidário, na partilha e ajuda num dia tão especial. The F.'s Birthday.

Mais tarde disse :
" foi uma aventura e tanto. um aniversario inesquecivel! acho que temos de repetir para o ano! "

| Para quem não sabe o Seminário do F. na Licenciatura de História versou sobre os Jesuítas no Japão. Muito difícil mas que ele ultrapassou muito bem.|
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( Arménio dos Santos Morais ) |

 Havia chocolates, salgadinhos, água ... A D.,  a primeira a ter rede no telemóvel e após enviar um SMS ofereceu o uso do seu aparelho a quem dele precisasse, escutei parte de uma chamada  :

"Desculpa papá. Estive sem rede. Está tudo bem por aqui. Não vos preocupeis isto apenas está a demorar um bocado mais. Até já papá, mamã....beijinhos"

 Dizer que estava tudo bem era a uma  maneira de dizer que não estava perdida, que não estava zangada, que não regressaria a casa a horas que estavam combinadas. Mas, claro, essa não era a resposta completa que gostaria de dar aos pais. A verdade disse mais tarde quando falando para o Mega e apontando outro disse : " é nele que eu confio ". Estou certo que foi apenas um momento único de exaltação e desalento por tudo o que estava acontecer.

 Retomámos a marcha. À frente o líder, desbravando o caminho, a S. e o M. logo atrás. Eu segui entre este primeiro grupo e os restantes. Havia um cuidado especial, que não foi solicitado, dos elementos de todo o grupo em ajudar dois, em especial a mim. Á frente de cada um de nós alguém com uma lanterna iluminava o passo seguinte. Atrás outro segurava, indicava, protegia, arrumava pedras, troncos, ramos silvas...

Tanta generosidade era comovedoramente doce. Até dava compaixão cair pelo trato que me era dado logo de seguida por todos. No final alguém diz : " não caí vez alguma, devo isso aos outros ".

 Pela minha parte, só para mostrar que estava bem, fiz o meu número de Tarzan na selva. Com as mãos agarrei um ramo de árvore, soltei o corpo no ar, balanceei o corpo e deixei-me cair estrondosamente num nível mas abaixo. O M. riu vezes sem conta por tamanha proeza macaca da minha parte.

 O resto do caminho ... como sói dizer-se, fez-se andando. A certa altura ... a água do riacho desapareceu ? E agora ? Seguimos o Mega que pronto anuncia : " já está...há aqui uma mangueira de água...é segui-la mais 300 mts, depois apanhamos a estrada para a Vila e são 3 a 4 Km ".

 Estávamos a salvo e sãos. O riso voltou às nossas caras. Comeu-se e repartiu-se entre todos o resto de comida que havia. O Mega e o F. foram mais ligeiros à Vila buscar os carros para poupar os restantes de percorrer toda a distância  no alcatrão. Estávamos exaustos, com fome, sede e frio.  Contudo outra coisa acontecera :

 Acabara-se a festa de aniversário do F. para o qual foramos convidados pelo Megatrilhos !

Obrigado a todos ...

...com amor

Mário

sábado, 12 de janeiro de 2013

GERÊS : .etapa 4ª - "inside the black wave"

Muere lentamente
quien se transforma en esclavo del hábito repitiendo todos los días los mismos trayectos ....
NERUDA, pablo

O Trilho : "inside the black wave"
05Jan2013
 das 17:50 h às 18:50 h

 Quase sempre segui na 3ª posição. Num grupo de 3 : Mota, Sandra e eu . Disse quase sempre. O quase era a exceção quando tropecei, escorregei e caí eles juntaram-se a mim. "Está magoado ? pode-se levantar ? como foi ?". Era natural sendo o mais velho, mais volumoso, fisicamente mal preparado e de mochila às costas, que dificultavam os meus movimentos, ao passar por baixo, por cima, através de densa vegetação e subir, descer, passar ao lado de pedras escorregadias a probabilidade de cair era grande.


 Estando escuro, muito escuro, o companheiro da frente ou de trás era um ponto de luz na escuridão, não via nada, mas esse minúsculo sinal era alguém que estava ali o que era bom. Não estava só. Temia pelos outros, como estariam ? a angústia era enorme por não saber dos meus companheiros, os da frente  : Mega e Lino e os restantes, um grupo de cinco.
 Sofria. Caminhava sobre e entre pedras depositadas no fundo do vale como leito do riacho encravado entre portentosas e altas margens, a pique, cheias de arvoredo. Escarpas impossíveis de escalar. Este trajecto para a Vila de Gerês tinha sido a nossa escolha.
  Na vida não há prémios, nem castigos apenas consequências e essas estavam aqui.
  Escuridão, Sofrimento, Sacrifício, Angústia. Essa escolha a dado momento foi questionada : "vamos mudar de trajecto ? escalar a margem até lá cima ? de lá ver-se-ão os outros ?"
 Mas não. A nossa opção foi seguir o curso do riacho. O "Mega" assim tinha instruído e estaria à nossa espera mais à frente. A Sandra e o Mota íam de mãos livres, apenas com lanternas e uma delas era a minha, não transportavam mochilas apenas eu o fazia. Dentro dela trazia : uma sande tipo Hamburger, água, manta térmica, 2 Kispos, ...a noite poderia ser longa e teríamos que esperar pelo dia.
 A cada passo o Mota e eu, gritávamos pelos nomes dos nossos companheiros mas "feedback"...nada.
 Não tínhamos rede nos telemóveis, nada mesmo, completamente perdidos, a visibilidade era de 1 a 2 metros para a frente e para trás, quando a Sandra estava mais perto de mim podia ler na sua jersey de bttista " ONDA WHITE"












ironia do destino estávamos mais dentro da "black wave".

  Nesta onda eu tentei "rip curl" pelo menos 3 vezes. Na wave crest foi como da minha primeira vez ao aprender andar de patins. Parti-me todo, em três tempos, bati de cú numa pedra depois com as costas e por fim com a cabeça. E que sorte a minha ! saí ileso destas quedas ! As fotos mostram as consequências físicas e à vista por mim sofridas. As outras continuam lá dentro guardadas.
Quando deixámos de nos preocupar com as horas e com os outros e nos concentrámos em andar para a frente eis que ouvimos uma voz. O Mega estava já connosco. " O Lino está na Vila à nossa espera. Agora tenho que procurar os outros. Já falta pouco."
 Mota : "tenho fome !"
 Dividi com ele o meu hamburger.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

GERÊS : etapa 3ª - no abismo

Muere lentamente
quien evita una pasión y su remolino de emociones, justamente estas que regresan el brillo a los ojos y restauran los corazones destrozados.
NERUDA, pablo

O Trilho no abismo 
 05Jan2013

16:30 h

 Saídos dos Castelos, escolhida uma rota, tomamos a direção da Vila do Gerês.  
 Surpresa ! 
 Duas colegas, paradas há +/- meia hora, esperavam o grosso do grupo. Porque pararam ? É pá, ali à frente há uma ravina alta, cheia de mato, vegetação, ... aquilo mete medo !









 
   O Mega e o Lino tomam a dianteira e vão averiguar. 
   Vamos no encalço deles. Entramos numa zona de acentuado declive. São 17: 30 h daqui a nada a noite...a escuridão.


    A unidade do grupo é desfeita e a prudência aconselha alguns de nós a não descer a perigosa ravina e procurarem uma alternativa menos perigosa.
    O Lino como um "Bode do Monte" ( nome carinhoso de outros megatrilhos ) evade-se.
    Eu, a Sandra ( mais atleta de BTT) e o Mota ( ágil escuteiro ) seguimos, conforme sugestão do Mega.
    O nosso GPS seria o sentido do correr da água do riacho. Só a água, o facto dela estar ali, nos podia salvar nesta situação confusa.


    O curso do ribeiro que ora se vê, ora descansa em poça, ora se volta a esconder para aparecer mais em baixo, corre por entre muitas, e muitas pedras, estas formam o verdadeiro riacho e constituem um leito em escada cujos degraus são todos desiguais, umas vezes de focinho alto outras baixo, umas vezes patamar largo outras baixo, alargava-se ou estreitava-se e afundava-se entre margens altíssimas e medonhas.
A água ? aparecia e desaparecia, padecia ou corria, a ladear este leito, que também podia ser de cascalho ou areia, misturados com árvores e arbustos ligados por silvas, e mais troncos grossos ou delgados, rijos ou podres, ervas altas, ramos soltos e emaranhados, tanto passávamos por baixo dos troncos caídos, resistentes ou não, descascados, macios e escorregadios, como por cima, com as mãos afastávamos os ramos dos arbustos que procuravam a claridade no meio do leito das pedras, os humanos e natureza irmanados na busca da luz e da água, fontes de vida, na única zona pedonal feita de pedras, escorregadias e viscosas, soltas ou não, era sem dúvida o caminho para a liberdade. Isso mesmo dizia a água que nesse leito corria sempre, para baixo, para o sítio que intuímos ser a saída deste abismo.

    Quase sempre segui na 3ª posição. Por esta ordem : Mota, Sandra e eu .
    A Sandra preocupou-se muito comigo : "Mário venha pela direita"; " quando digo direita, é mesmo direita"; "vire-se de costas, ponha um pé aqui e o outro sobre as minhas mãos ( ela está em baixo de pé com braços estendidos na frente com mãos entrelaçadas) e agarre-se nos meus ombros"; " agora aqui tem que descer de cú, barriga para cima"; "Oh meu Deus, não se mexa, espere, consegue levantar-se sózinho ?"; "magoou-se?"; "pegue a lanterna"; "puta que pariu, molhei-me toda!"; " Ah você ouviu ?, não sabia que estava aí"
" Mota vês o Mega ? "


  J. Magalhães, o " Mega " : era, para mim, o único elemento conhecido do grupo. Conheci-o em Léon, no meu Caminho Francês de Santiago de 2012, rapaz simpático, alegre, de boas e altas risadas, fala rápido e conciso, prático, amante do andar depressa por montes, vales e outras pradarias, respeitador e sempre com uma palavra amiga, espera pelos que se atrasam e tem sempre uma palavra de conforto. Nestas andanças alimenta-se de papas, barras energéticas e chocolate preto pantagruel, (usado em geral para culinária ?), que reparte com os outros. Usa na indumentária suspensórios:

"Você não precisa de exagerar nas cores e nem fazer combinações estranhas, mas porque não usar uns suspensórios vermelhos com o seu terno azul? Fica super fashion e vai dar a seu visual, aquele estilo preppy que está procurando. E dá também para usá-los de forma cruzada ou de forma normal. Com o terno, não é aconselhável deixar seus suspensórios soltos, sobre as calças."


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

GERÊS : .etapa 2ª - os prados ....

Muere lentamente
quien no gira el volante cuando esta infeliz, con su trabajo, o su amor.... 
 NERUDA, pablo

O Trilho da Tarde
 05Jan2013

14:30 h
Retoma-se a marcha agora em direcção ao Prado do Camalhão



onde moram centenários Carvalhos despidos de qualquer roupagem.

Para trás ficaram os espanholitos, " una pareja mas una chica y tres guapos menores y uno perro". Aqui Mota chama pelo "Mega", que já distante e subindo o monte volta atrás, para orientar "lo tio" que queria seguir até Leonte para apanhar seu "coche". Mega dá-lhe os mapas para que se orientasse melhor, neles, a marcador
fluorescente, assinala a rota, aponta-lhe a direção do monte conhecido pelas "Pernas da Mulher" onde teria que virar à esquerda e depois descer. A charla acabou com " bom Camiño " e " adelante como os de alicante".
pero a menudo nuestros hermanos estaban haciendo un churrrasco con una hoguera en el parque y está prohibido por la ley. Hóstia !

No Prado do Camalhão foi-nos mostrado pelo João Magalhães : Roca Negra ( e seu Pico )  e Borrageiro. O atraso no início, indecisões pelo meio e já o adiantado da hora, 14:54 h, obriga-nos a rumar aos Castelos


 A subida um pouco íngreme e sem "mariolas" visíveis faz-se relativamente bem,
 é feita em fila indiana e pequenos grupos , dois a três, por acaso, eu o mais velho de todos, estou a subir com os dois mais novos o Fábio e o Mota

 
( ao F. tocava levar a mochila que à vez partilhavam ), o caminho era árduo e penoso, já me sentia uma "banana pankake" após o "breakdown" para o almoço era "better together" seguir com este "good people" escutando a música que saía do telemóvel do M. repetidamente, a irreverência dele e a sua alegria era contagiante , cantava sempre usando o aparelho como microfone constrastando com o silêncio e o comedimento do F. que com a sua grande trunfa estilo carapinha fazia lembrar aqueles microfones peludos de TV que tudo captam. Perguntei ao M. que aparelho usava para ouvir a música e quem a cantava. Mostrou-me um pequeno objecto que apenas e só  lembro ser côr de rosa ( não distingue entre telefone e leitor mp3) dizendo mais qq coisa para mim impercetível, mais preocupado que estava onde pôr os pés. Fiquei sem saber quem era aquele músico que ruidosamente nos acompanhava e que nos tornava o rural mais urbano, o longe mais perto, o raro no de sempre, como as nossas vidas diárias. Mas agora já sei o nome do agradável intruso : JACK JONHSON.

Estamos na proximidade de um muro, a meia altura, de pedras arrumadas à mão que divide duas freguesias,

segue-se uma descida, bastante inclinada sobre o granito de pedras irregulares, muito técnica e depois finalmente chegamos à base dos Castelos guardados por duas grandes mariolas, o relógio marcava, 16:00 h.



Aqui tiramos uma fotografia do grupo.


A caminhada estava a ser excelente e a paisagem linda de morrer. O "MEGA" apontava a dedo e dizia, à medida que ía rodando o seu corpo e os dois fios brancos do gorro laranja se agitavam, ali está a Calcedónia (sul) , depois Roca Negra (este ), Borrageiro (norte), Pé de Cabril ( noroeste), Louriça (oeste). Dois de nós, seguindo as instruções do guia, iniciam o regresso à Vila do Gerês por determinada direção, os restantes ( 8) subimos ao alto dos Castelos

para admirar a paisagem e quem sabe ? de lá ver o mar, pois que em certos dias isso é possível, o que não foi o caso, mas  valeu pela beleza contemplada lá do alto.

 
Cerca das 16:30 h fomos ao encontro dos que já haviam iniciado o regresso.
O pôr do sol apontava para as 17: 50 h, faltava neste caso 1:20 h para no Parque da Peneda-Gerês o grupo entrar na escuridão ....

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

GERÊS : etapa 1ª - o Rio do Arado

Muere lentamente
quien no arriesga lo cierto, ni lo incierto para ir detrás de un sueño....
NERUDA, pablo

Os amigos 

 05Jan2013

07:45h
Saída de Braga ( 1 hora de atraso em relação ao previsto)...por estrada secundária em direção ao Gerês.

Vamos em dois carros.
No Micra do "MEGA" : João Magalhães, Sandra, Mário, Lino e Helder .
No outro carro : seguiam mais cinco elementos.

O Trilho
09:20h
Chegamos à Vila do Gerês, fazem-se algumas apresentações entre nós, consultam-se mapas, ajustam-se agasalhos.

Ataca-se a primeira subida em passo rápido, está frio, ao fim de 1/2 hora já despia o meu blusão de agasalho, até ao Miradouro do Velho ( Alt 834 ) demorámos 1 hora.


Andamos mais 1 hora e surge a primeira hesitação.
Por onde vamos agora ? Tio e Sobrinho (Lino e Mega) estudam a melhor rota, procuram-se "mariolas


( montes de pedras encasteladas que assinalam, aos que por ali passam, a direção a seguir, são como que as setas amarelas no Caminho de Santiago ).
Vê-se, ao longe, um descampado para estacionamento de viaturas é perto da Cascata do Rio do Arado.
Ao meio-dia estamos a passar pelo Curral das Éguas.

O reabastecimento de água, limpa e fresca, na Fonte da Chá do Arado pelas 12:30h.

 Cinco minutos após a travessia da ponte com dois arcos no Rio do Arado.
 Do largo aí existente admiramos a bela Cascata do Arado.
 Aqui interagimos com outros viajantes...


Até aqui a paisagem foi soberba, o chão coberto de muitas folhas castanhas e amarelas causam um efeito almofada ao pisá-las.

O sol nascente da manhã lança os seus raios por entre as muitas árvores existentes, pinheiros e carvalhos na maioria. Muito musgo, bonito e fofo.

Cogumelos aparecem de quando em vez.


Mas o que se vê, muitas e muito são pedras : gigantes, grandes e pequenas.

O cenário faz juz à beleza do Parque Nacional Peneda Gerês. Neste tempo que se avizinha a minha ausência ao desfrutar de tanta beleza a minha tristeza foi de uma grande alegria.

O almoço14:00
Ás duas horas da tarde o grupo parava para almoçar no Prado do Teixeira.


A cozinha estava lá, tomava conta dela um catraio de côr branca de 5 anos .


Na mesma habitação deste condomínio ao abrir-se uma porta de um dormitório podiam ver-se umas pantufas, que outros pés abandonaram, a laje térrea era de cimento e os colchões não mais que 2 pranchas de tábua encostadas a uma parede. Pendurado do tecto uma corda de nylon verde na esperança de algum dia prestar-se ao serviço de execução e cumprimento de pena máxima sentenciada pelo próprio por motivo de desgosto amoroso ou outro qq desvario.

Do seu cada um comeu e bebeu o que quis. Ofertava-se de um lado e do outro. Umas vezes dizia-se que sim outras que não. Acho que o chocolate negro pantagruel do Mega ninguém recusou. Depois de comer a papa de bébé e de ter pegado naquilo, que os bébés fazem muitas vezes sem avisar, só que neste caso não se tratava de caca humana, esta voou pelos ares sempre acompanhada de risadas múltiplas. Meia hora foi quanto levou o nosso almoço. Conclui que eles já se conheciam todos muito bem. O ambiente estava ótimo.