sábado, 12 de janeiro de 2013

GERÊS : .etapa 4ª - "inside the black wave"

Muere lentamente
quien se transforma en esclavo del hábito repitiendo todos los días los mismos trayectos ....
NERUDA, pablo

O Trilho : "inside the black wave"
05Jan2013
 das 17:50 h às 18:50 h

 Quase sempre segui na 3ª posição. Num grupo de 3 : Mota, Sandra e eu . Disse quase sempre. O quase era a exceção quando tropecei, escorregei e caí eles juntaram-se a mim. "Está magoado ? pode-se levantar ? como foi ?". Era natural sendo o mais velho, mais volumoso, fisicamente mal preparado e de mochila às costas, que dificultavam os meus movimentos, ao passar por baixo, por cima, através de densa vegetação e subir, descer, passar ao lado de pedras escorregadias a probabilidade de cair era grande.


 Estando escuro, muito escuro, o companheiro da frente ou de trás era um ponto de luz na escuridão, não via nada, mas esse minúsculo sinal era alguém que estava ali o que era bom. Não estava só. Temia pelos outros, como estariam ? a angústia era enorme por não saber dos meus companheiros, os da frente  : Mega e Lino e os restantes, um grupo de cinco.
 Sofria. Caminhava sobre e entre pedras depositadas no fundo do vale como leito do riacho encravado entre portentosas e altas margens, a pique, cheias de arvoredo. Escarpas impossíveis de escalar. Este trajecto para a Vila de Gerês tinha sido a nossa escolha.
  Na vida não há prémios, nem castigos apenas consequências e essas estavam aqui.
  Escuridão, Sofrimento, Sacrifício, Angústia. Essa escolha a dado momento foi questionada : "vamos mudar de trajecto ? escalar a margem até lá cima ? de lá ver-se-ão os outros ?"
 Mas não. A nossa opção foi seguir o curso do riacho. O "Mega" assim tinha instruído e estaria à nossa espera mais à frente. A Sandra e o Mota íam de mãos livres, apenas com lanternas e uma delas era a minha, não transportavam mochilas apenas eu o fazia. Dentro dela trazia : uma sande tipo Hamburger, água, manta térmica, 2 Kispos, ...a noite poderia ser longa e teríamos que esperar pelo dia.
 A cada passo o Mota e eu, gritávamos pelos nomes dos nossos companheiros mas "feedback"...nada.
 Não tínhamos rede nos telemóveis, nada mesmo, completamente perdidos, a visibilidade era de 1 a 2 metros para a frente e para trás, quando a Sandra estava mais perto de mim podia ler na sua jersey de bttista " ONDA WHITE"












ironia do destino estávamos mais dentro da "black wave".

  Nesta onda eu tentei "rip curl" pelo menos 3 vezes. Na wave crest foi como da minha primeira vez ao aprender andar de patins. Parti-me todo, em três tempos, bati de cú numa pedra depois com as costas e por fim com a cabeça. E que sorte a minha ! saí ileso destas quedas ! As fotos mostram as consequências físicas e à vista por mim sofridas. As outras continuam lá dentro guardadas.
Quando deixámos de nos preocupar com as horas e com os outros e nos concentrámos em andar para a frente eis que ouvimos uma voz. O Mega estava já connosco. " O Lino está na Vila à nossa espera. Agora tenho que procurar os outros. Já falta pouco."
 Mota : "tenho fome !"
 Dividi com ele o meu hamburger.

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