segunda-feira, 11 de junho de 2012

A caminho do Rio de QUÁ-QUÁ

QUADRO DE MEMÓRIAS  - o caminho pro rio QUÁ-QUÁ


Localização +/- do QUÁQUÀ
De verdade não se tratava de um rio, mas de uma grande poça  que se enchia de água no inverno e primavera.

Durante o tempo que morei em Leça da Palmeira na Rua  Brito Pais logo acima da Rua Sacadura Cabral da Lininha da escola pré-infantil, do Tony dos Carvalhos, do garageiro da Amorosa, do Tó Neves dos Mouras, dos Ratinhos, da Amélinha dos Gatos, da ilha da Bruxa e da "loja do Sr. António Trafulha", mais tarde  "Adega da Bruxa" várias foram as vezes que lá me desloquei só ou acompanhado. Eu, por altura da minha infancia, pertencia à seita da Aldeia Nova era bastante conhecido e popular com muitos amigos e vizinhos que vou agora recordar, sabendo,desde já, que nem todos vão aqui ser registados.

Na Rua General Carmona hoje em dia Rua General Humberto Delgado , ao começar a rua no cruzamento com a Av. dos Combatentes da Grande Guerra moravam :
 O Venâncio, (cujo pai Sr. Venâncio era Construtor Naval e até tinha um estaleiro à beira , expressão típica de Leça, da Ponte Tavares, mais ou menos no enfiamento da intersecção da Quinta de Santiago com a Quinta da Conceição, terminava aqui o porto a nascente da ponte móvel , com as obras de ampliação do Porto de Leixões teve que mudar para a Telegrafia, tendo os Fèrrinhas mudado para a Rua Hintze Ribeiro), junto à loja da Milheira e da ilha do Lima, sobrinho da velha glória do Basket de Leça   , da "Adega dos Paivas" dos armazéns de vinho , o Manuel Faustino , mais acima o Nelson filho do Sr. António, da Fábrica das Cordas do Quintas & Quintas, que uma vez me apanhou sentado a comer morangos na Quinta do Rangel pegada à Fabrica e que ele guardava,o Carlose o Mário Foma e irmão mais velho banheiro, o Quim da Birra e irmão, o Zézinho das pombas, os Rabumbas ( 2 rapazes e uma rapariga) que pertenciam ao Rabumba o "Aveiro" com busto no jardim junto à Capela de Ruas dos Franciscanos , o Zé Manel dos Jeovás, a Sãozinha que o pai estava para a Venezuela, a Alzirinha Cardona catequista, o Manel da Guida dos Caetanos sendo que dois deles o Zé António e o irmão o Xico Caetano jogaram nos Leões da Agra,o Zé Quitolas e o irmão Adriano das Gagas, peixeiras, o Quim Farrameco, das Pichorras :o Zeca Taira e o Berto fundadores dos Santistas clube de futebol amador e que depois de terem regressado do Ultramar emigraram para o Luxemburgo, o Berto Choiças, filho do Monteiro dos Táxis, O Zé Henrique e irmão Zé Fim filhos do Sr. João Sá Pereira que chegou a ter uma Confeitaria na Rua Fresca em frente à loja do Manel Sem Pila, , todos eles me conheciam bem e carinhosamente me tratavam pelo  nosso Mário "Gato" ou Mário Brazuca, que nunca foi ao Brasil mas tinha lá o pai e o irmão Nélinho Gato .
 Todos nós nos conhecíamos pelas alcunhas próprias ou das familias.

Na minha Rua de Brito Pais  residiam ainda, o Fernando Garcia filho da Ireninha, enfermeira, o Desidério Rato, O Jesus Cambey, cunhado do Té, morava, com o "papi" o Sr. Eugénio da Fábrica Ramirez e "mani"em frente à minha casa naquela que fora a casa da Dona Zaida e prof. Dona Beatriz de Portugal do Externato Avé Maria à beira da Capela de Ruas, dos Pissas Rotas : o Manel Reis , a Ana e o irmão Tone  Cholas, o Edgar Lima " Shalouza",filho do Sub chefe da Policia o Sr. Lima, o meu senhorio que morava por cima de mim o Sr. António das Flores e  que foi jardineiro em casa do Conde de Leça Nogueira Pinto que fez uma estufa toda em vidro e tinha sempre, gladíolos, avenca, crisantemos, dálias rosas, tulipas e todo o tipo de flores que vendia para o mercado  Municipal de Matosinhos para a loja do florista do Sr. Joaquim das Flores,que podia observar do meu quintal e tinha tambem um cão chamado LULU, o Zé Luis " o Vaca espantada" que era neto da Gracindinha mãe do nosso Zé Luis dos Leões, o Sr. Constantino,sapateiro, (dono de um cão o JOLIE que levávamos - o Mário, o Zé Luis, o Tone Larangeira, o Xico Caetano - na caça aos gatos até à Rua Nogueira Pinto no Corpo Santo) e que naquele tempo tratava das chuteiras colocando-lhes as travessas a oficina  era pegada à loja do Sr. Alexandre,(junto à casa do Sr. Arquitecto Bruno Reis que projectou a Residência Paroquial e o Salão para a Igreja do Padre Alcino como nós dizíamos), no lado oposto um talho de esquina em frente na que foi casa de arquitecto nasceu a que foi mais tarde a sede da Portuguesa de Leça na Rua Direita ( a mais torta de Leça) esquina com a Congosta do Abade.

No Constantino sapateiro trabalhou também o Zé da Padeirinha que morava na Rua Humberto Cruz em frente da casa do Fernando, da Maria Aurora, que vendia hortaliça na loja de esquina com Rua Sarmento Beires e, que chegou a correr ciclismo na Ambar, o pai era marmorista e tinha estabelecimento já na subida para Santana mas próximo à porta de baixo do cemitério, nesta rua mais abaixo ficava a loja do Sr. Alfredo e mais acima no mesmo passeio e depois de passar a loja e "Mercearia do Sr. Francisco" ficava  a do irmão " "Mercearia do Sr. Artur",a loja de electrodomésticos do Fernando Santos, " o bóia", pai do Fernando Santos do CAL,ficava em frente à loja " Mercearia da Emilinha"  esposa do Sr. Alfredo.

Na Rua Sarmento Beires morava a D. Mariazinha do Edgar (sogra do Venãncio)  e irmão,  havia uma carpintaria de limpos,a loja do Sr. José , " Adega do Policia " cunhado  do Sr. Alexandre que tinha uma loja no Monte," Adega do Alexandre", o Fernando Chanana,o Quim do Monte,do outro lado depois de atravessar a Rua General Carmona ,o Lúcio, que foi guarda redes dos Magiares e do Leixões,o Carlos Vinhal, o ZéZé, os Bentos,os Maganinhos : o Tone  e o Quim que foi dos leões, o irmão adoptivo Zé Maria e o Corsário , o Josué Maravalhas dos Magiares que foi trabalhar para a Facar, o Artur Lopes, ao virar para o largo do monte logo a seguir à quinta da Rangel e ao quintal do Sr. Alexandre da loja tinhamos  para um lado a casa dos Barquinhos junto à cabine da luz, para poente a casa do sapateiro e o campo dos arames para a seca do bacalhau em frente a casa do Miguel e Edison Mota e do Manel e Zé Henriques dos "Casquinhas" .

Na Rua Manuel Gouveia o Zé Viana e os sobrinhos  Manuel João e o irmão Albano cujo pai trabalhava na APDL, o Américo "Vai-Sempre", os " grilos"  Quim , ToneCandido Grilo, o José Tatarita que era cunhado do Malhão casado com a Arminda Araca e que moravam todos na ilha dos Grilos e na esquina o dono da Tipografia Arteal depois de passar a General Carmona para o outro lado residiam o Joaquim Viana e na mesma casa os Ritas em frente a Ção Pichorra casada mais tarde com o Fernando Monteiro que chegou a Presidente do Leça Futebol Clube e assim chegados  à Rua Humberto Cruz íamos encontrar a casa dos Chaves, Américo Belém, Zé do Carmo, Zé Pimpim, o Pepe carpinteiro que era guarda redes, o Quim Marrassol, o Joãozinho, jogou nos Leões de Leça e da Agra e no Leça F C.

 Na Rua Coronel Sarsfield, os "Grulhas" : Benjamim, Jaime e Tone e mais tarde aqui abriu a "Adega do David", na Travessa da Agra havia a " Adega do Barriguinha", o " Talho do Senhor José" e mais tarde abriu o " Tone das Francesinhas ", o Rafael Carvalho e o irmão Fernando Fufas, que era padeiro na Padaria Luanda, onde de madrugada íamos ao pão, o Manel Gavina "Poveirinho", que morava na ilha da Chica à Nora, o Manuel Silvério da "Francesa", os  Neivas, o Tone e o Manel,  o Heitor, barbeiro e do Teia e o irmão Rogério e dando a volta para baixo, ao passar pela "Adega do Avelino" onde se cantava o Fado.

Aí ficava o larguinho da Aldeia Nova local onde o Teia tocava nas rifas de S. João, tinhamos o "Café Laika" do Sr. António onde jogávamos aos matraquilhos, snooker, ao 31 com 3 bolas de bilhar, à sueca , ao dominó ao belga, à bisca de seis neste jogo era frequente o Inocêncio Rato pegar-se com o Artur ( eram os dois estivadores), o Marta, o Quim Grilo, o João Frasco e o irmão Manel Frasco, o Zé Viana formavam a equipa mais apreciada, o Sr. Páscoa da GNR, que nos perdoava as  multas ao jogar à bola na Rua, morava aqui bem como o António Lima  "Brites", o Madalena e o irmão Nélinho "Toydd", que gostava muito de filmes de Karaté quando os 1ºs foram exibidos no Salão Paroquial, na ilha dos Larotes, logo abaixo do Café Laika morava o Quim Mascote quase em frente à loja do  Sr. Ribeiro que tinha na montra uma lousa de escola onde escrito a giz se podia ler : "Adega  o Ribeiro é Aqui " . Todos os dias  à tarde, com ordens de ir para bordo às 10 da noite,os camaradas, contra mestres e mestres de traineiras, arrastões de pesca ou rebocadores da APDL vizinhos reuniam-se aqui para jogar ao "Twist", "Sueca", "Damas" e "Domino" quase sempre quem perdia e teria que pagar para todos uma receita de vinho e cerveja,cheguei a comer lá uma " caldeirada de lulas pequeninas" preparada por pescadores amigos, foi comer e chorar por mais.Clientes: João Tatarita, Malhão,mestre João Algarvio ( pai do Helder de Cabanas e tio do Varinho ), que viviam junto ao José Rato das pombas de concurso, o Valente ,o  Tone Norinha irmão do Zé Nora e pai do Norinha que foi do Teia e eis que chegamos de novo à Rua Manuel Gouveia onde iniciamos o caminho para o rio.

Começa na Travessa do Monte flanqueamos a casa do Zé Viana entramos na Quelha, por onde o lavrador  Sr.Abóbora, proprietário dos campos, fazia ir e vir a carroça dos bois para transporte de tudo, à direita as hortas dos vizinhos com todo o tipo de hortaliças e mais alguma, bem tratadas  até chegar ao larguinho da Aldeia Nova à esquerda o pinhal de pinheiros bravos e mansos do abóbora.Seguimos em frente e paramos junto à Nora, aproveitamos e comemos uvas americanas já maduras, amoras e com a fisga de borrachas virgens atiramos a algumas flausinhas difìceis de atingir mas que nunca fogem tornando-se um alvo de caça apetecível,Quando a terra a nascente até à viela que vai para Rodão ,outrora campo de milho, está lavrada atira-se aos pardais ou armamos  com ratoeiras a fogo às chirinas o lagarto da espiga do milho era o isco, Do lado poente até à Rua da Telegrafia um grande lameiro com choupos e espaço aberto até ao Rio Quá-Quá onde nós armamos aos Pintassilgos com cardos e varetas de visgo, tinha êxito, sucesso na caça  quem tivesse o canário-travesso mais cantador para chamar ao visgo os pintassilgos.
Chegados ao Quá-Quá o chilrar das rãs, as colheres de pau fazem recordar as tardes solarengas de sábado e domingo onde a seita da aldeia nova cujos nomes quase todos aqui citei confraternizava jogando ao Quino ( Bingo), ouviam relatos de futebol e combinavam encontros de futebol.A cabine de Alta tensão cercada a muros com arame farpado era ponto de referência a norte deste local.Aqui recordo uma ocasião que tendo levado comigo o cão "LULU" que não me pertencia a passear o atirei a este "Rio".Como o pensei ver atrapalhado  atirei-me todo vestido á água do Rio de Quá-Quá para o salvar e o devolver direitinho ao seu legitimo dono o meu senhorio o Sr. António das Flores.

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