domingo, 19 de janeiro de 2014

Joguei à bola no Campo das Varas

Leça da Palmeira. Anos 60. A paixão do Futebol. Jogo de onze contra onze. Acordo entre as equipes. Muda aos 6 acaba aos 12. Os adolescentes e jovens que o praticavam adoptavam regras muito simples. Não havia árbitro , nem marcação de campo. As balizas eram duas pedras. O jogo era interrompido, maioria das vezes por consenso, quando a bola ía fora ou então se havia mão na bola. O  
" corner " era assinalado mas o " Off side " não. Se algum jogador se magoava também se interrompia a contenda para o assistir . Não se utilizavam equipamentos a diferenciar as equipes. Nada de camisolas, calções, meias, caneleiras, joelheiras ou chuteiras. Havia até quem jogasse descalço. Geralmente estes jogos realizavam se nos vários campos pelados existentes à época.
No Corpo Santo, logo a seguir à Quinta dos Ingleses, na Rua Nogueira Pinto havia o chamado " Campo dos Trolhas ".  Era ocupado pelos rapazes que frequentavam a Marimanda ou a Capela de Ruas. Terminou quando lá construíram um prédio a que puseram o nome do "Hospital" por ser forrado a azulejo branco. Próximo o " Campo das Varas ", o mais importante, a catedral do futebol, onde as diversas seitas apresentavam as suas melhores equipes. Os proprietários a seita de Fuselhas e da " Ilha da Cona Bicanca". Em disputa estava sempre uma quantidade volumosa de figurinhas, cromos da bola. Cada equipe apresentaria uma certa quantidade. O vencedor do jogo acabaria por levar todas que estavam à guarda de um fiel depositário. Deste campo, no fim dos jogos, ía-se directamente à "praia  da freiras" tomar banho era só atravessar a rua da praia. A " Praia das freiras " fica na margem esquerda da Piscina das Marés, do arquitecto Siza Vieira, na margem direita fica a " Praia da Meia Laranja ". Nesta, no paredão de suporte à rua, existia o buraco que indicava uma conduta de água que vinha do " Campo Vadio " . Como adolescente e rapaz da rua, da seita da Aldeia Nova, atravesseis-o muitas vezes e não tive medo dos grandes ratos de àgua que por lá apareciam. Era todo coragem. Este campo sendo relvado, diferente do da terra preta e dura do das Varas, era macio e húmido. Tinha dono. A seita do Sardoal e dos da Boa Nova. Saía daqui para casa atravessando as bouças do Sardoal, passava , com curiosidade e medo, pelo abrigo da " Reclame " que aí dedicando-se há mais velha profissão do mundo recebia :  criança, jovem, menos jovem e velho. A todos acenava. Passando a Rua do Sardoal, subia os quintais arrendados, também
Ao meu tio Zeca, Guarda Republicana, lavrador nas horas livres. Entrava no Monte da Seca do Bacalhau, com esteios e arames. Lá em cima ao chegar à casa do sapateiro , mas antes da casa dos Barquinhos havia outro campo - " 0 Bordeiro " . Ficava no topo norte do antigo Campo do Leça Futebol Clube nos terrenos do seu proprietário o Sr. Joaquim Abóbora. Nos Sábados à tarde disputavam se os principais jogos, o jogo dos mais velhos, a modos de 1* Categoria, era vê-los. O Zeca Taira, o Bierre ( irmão do Domingos ) , o Marta, o Quím Grilo, o Eduardo, o João e o irmão , que moravam na Ilha do Larote, junto ao Café Laika, e tantos outros , todos eles da seita da Aldeia Nova.
Estes eram os Campos...a formação em todas as ruas até que chegasse o grito da mãe a chamar pelo filho para ir jantar.....







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