*«A vida é
uma viagem, experimental, feita involuntariamente. É uma viagem do espirito
através da matéria, e, como é o espírito que viaja, é nele que se vive».
Quebra a rotina, rasga o dia a dia, desliga o computador,
a televisão apaga a luz e fecha a porta de casa. Sai e não espera por correio e
cartas com selo ou sem ele. Despe-se de fatos, gravatas e outras mudas. Larga o
seu trabalho, rompe horários de
transportes , o carro, as escolas, os supermercados, as repartições, as
famílias, as doenças, as obediências e outras obrigações . Faz um alto, um
"break", no mar agitado em que viaja e procura abrigo numa ilha de encantar :
- O Caminho Central Português de Santiago .
- O Caminho Central Português de Santiago .
- O Peregrino, que vem de longe do Norte da Europa, aporta aqui.
Como viajante traz na sua bagagem indumentária simples, leve e básica, apenas a necessária
para que possa transportar também o melhor da sua alma . Na ilha descansará em
vários portos de abrigo (albergues com os seus hospitaleiros) entre uns e
outros verá o verde dos campos, as vinhas em ramada do vinho verde
as dálias nos jardins das casas ,as flores dos campos, os
pinheiros e os eucaliptos, os sobreiros e as urzes do monte ,a água cristalina
dos rios e riachos,
os moinhos de água, as pontes romanas,
os cruzeiros,
as
igrejas das aldeias e cidades, seguindo sempre as setas amarelas e vieiras de
Santiago por entre as casas grandes e pequenas, os quintais e hortas cultivados
com alfaces, pencas, tomates e pimentos, os galinheiros com aves,
os póneis, os
currais com vacas, cabras, ovelhas à
solta, as pessoas presas aos lugares e os outras que com ele viajam mas não são amigos, antes hospedeiros
coincidentes no mesmo lugar, onde assinalam a sua passagem,
tal como o fazem no Peter´s Cafe Sport, Horta, Faial, Ilha dos Açores
e onde à noite na vez de um Gin Tónico se aprecia um bom vinho e se conversa sobre origens, das ondas do seu mar e da sua praia de chegada. .. do romper com as amarras do seu navio atracado ao cais da sua vida .Trocam-se nomes, endereços e promessas de escrita, algumas vezes a custo dá-se a conhecer o posto na tripulação do seu barco . Isto é o mais penoso, é um retrocesso, um voltar ao antes de iniciar a viagem, às amizades formais, à formatação na sociedade moderna. Na sua pausa diária, na ilha Portuguesa, vai apreciar a simpatia da nossa gente, a comida de cá, o bacalhau, os rojões , o vinho maduro do Alentejo e do Douro, o vinho verde de Ponte de Lima ou o Alvarinho de Monção. Os outros seus amigos, que já são muitos e bastantes, ficaram atrás no seu lugar de rotinas partilhadas, não quer mais, não quer saber de profissões, emails, laços futuros e compromissos de se voltarem a ver. Disto ele foge porque está cansado. Quer paz de espirito e procura-a na natureza distante ,que o maravilha, diferente daquela que usualmente o rodeia . A dureza da viagem não o atormenta porque quererá sentir a dor sofrida para a poder vencer e erguer os braços de contentamento e alegria pela vitória de a ter terminado ao chegar a Santiago de Compostela.
e onde à noite na vez de um Gin Tónico se aprecia um bom vinho e se conversa sobre origens, das ondas do seu mar e da sua praia de chegada. .. do romper com as amarras do seu navio atracado ao cais da sua vida .Trocam-se nomes, endereços e promessas de escrita, algumas vezes a custo dá-se a conhecer o posto na tripulação do seu barco . Isto é o mais penoso, é um retrocesso, um voltar ao antes de iniciar a viagem, às amizades formais, à formatação na sociedade moderna. Na sua pausa diária, na ilha Portuguesa, vai apreciar a simpatia da nossa gente, a comida de cá, o bacalhau, os rojões , o vinho maduro do Alentejo e do Douro, o vinho verde de Ponte de Lima ou o Alvarinho de Monção. Os outros seus amigos, que já são muitos e bastantes, ficaram atrás no seu lugar de rotinas partilhadas, não quer mais, não quer saber de profissões, emails, laços futuros e compromissos de se voltarem a ver. Disto ele foge porque está cansado. Quer paz de espirito e procura-a na natureza distante ,que o maravilha, diferente daquela que usualmente o rodeia . A dureza da viagem não o atormenta porque quererá sentir a dor sofrida para a poder vencer e erguer os braços de contentamento e alegria pela vitória de a ter terminado ao chegar a Santiago de Compostela.
*Bernardo Soares
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