Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura. . .
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado. . .
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d’ouro, com fragor. . .
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!
© 1886, Antero de Quental
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