terça-feira, 17 de abril de 2012

adelante como os de Alicante...

Nem a Ponte de Valença une, nem a língua separa. Quero com isto dizer que no caminho central português se pensarmos que ao atravessar para o "outro lado" estaremos num País diferente, pode ser que sim e pode ser que não. Realmente eu encontro mais que nos una do que nos separe. A placa a dizer Espanha previne o frango de que passará a ser pollo, que seus ovos serão dali para a  frente os huevos usados nas tortilhas, o chouriço com pão e queijo e o vinho alvarinho que levas na mochila à ceia como que por milagre compostelano se transformarão en chorizo con pan, queso e  viño albariño.

Não podes entrar "lá" de peito (feito) de perú, com sacas de comida lusa : milho, leite, cerveja, lulas, polvo, costoletas de porco, presunto, sobremesas. Mas se assim for é porque carregaste o medo da diferença do que lá encontrarias igualmente de bom : la pechuga de pavo, maiz, leche, a cerveza cruzcampo, calamares, pulpo à galega ( que me encanta ), as chuletas de cedro, donde sale los jamons serranos quem me dera que fossem ibéricos, los postres (que buena pinta siempre tienem).
Porém, há coisas que nunca mudam : la buena gente de um lado e do outro.
Sorrisos/Sorrisas; falar/hablar ; a solidariedade, a simpatia, o ajudar o próximo. A uma pergunta :
- onde fica isto ? e aquilo ?
As pessoas de um lado e do outro param, ouvem-te, esforçam-se por te compreender e até falar na tua língua, o voluntariado em ajudar o peregrino está presente por todo o lado. Quase que se pode ver no peito das pessoas a "vieira" e nos seus trajes estampada a "flecha amarilha" à tua pergunta : é por aqui o caminho ?
A dona responde :
- " Siempre adelante como os de Alicante"


Como gostei de ouvir isto, era capaz nessa hora de andar sempre, sem parar até chegar a um nunca mais acabar. É o Caminho de Santiago no seu melhor.

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