quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

BANANA ASSADA

Queria ver o mar. Sempre o seduzira, crescera numa terra de praia. Areia e Água. Os AAs separados pelo rei-gu. A sua felicidade aumentava sempre que pisava a areia e mergulhava no mar. Como fazer então ? Decidiu tomar um táxi. Para Cacuaco. Ali está o mar.
            A partida na Ponte Amarela junto ao Mercado do Arrió. Os preços arreiam a partir das 6 horas da tarde. A voz " Cacuaco Vila " e o sinal de mão indicam a viatura certa e que vai partir. Domingo, dia de folga, é manhã ainda cedo. Os bancos dois para um lado e dois para outro vão ficando ocupados. Começam a baixar os que fazem desaparecer a cochia. A lotação completa. Apenas um branco. Não vislumbra hostilidade antes pelo contrário cordialidade. A viagem tem inicio. A primeira paragem será para dar saída a um "chino" que vai para Benfica. Escolhe sair na ponte da via expresso no Km 25. No talude da mesma a 45 graus logo a seguir às bombas da Sonangol. O chinês sobe o íngreme talude a correr fazendo rir os passageiros pelo insólito na escolha do local de saída e agilidade demonstrada na ultrapassagem dessa subida. O autocarro 31 lugares segue até ao retorno, depois da ZEE , para apanhar a Via Expresso.
Outra paragem em cima da ponte já na Via para recolha dos últimos passageiros. Agora uma recta até ao destino final. A música sempre presente. O transito é mínimo , alguns carros acidentados nas bermas, atestam os exageros da noite do sábado. De repente o desvio para Panguila. Mais uma paragem. Mas vai em frente. Já falta pouco para ver o mar. E eis que chegamos, decorrida uma hora, ao Reservatório de Água em Cacuaco e fim da viagem.
              O mar fica mais à frente e depois à direita e em frente. Rua de alcatrão abaixo, parque jardim, a igreja à direita, Soprite à esquerda, bancos, cafés, etc. e uma viela que conduz à Praia. O mar está calmo, numa espécie de maré baixa, uma extensa praia de areia, dura e preta, para um e outro lado. Os lixeiros limpando o areal, donas de restaurantes na areia da praia, limpando mesas e cadeiras e preparando os fogareiros para assar os Chicharos do almoço. Lá ao fundo um amontoado de pessoas. Jovens jogam futebol . O aviso para ter cuidado com os bandidos no amontoado de
pessoas. É a lota do peixe. Mulheres sacodem areia e oferecem peixe. São peixeiras, vendedoras. As crianças, algumas, estão em volta de redes avariadas para aproveitarem o peixe lá preso. O peixe é muito e variado. Linguados, peixe espada, chicharro, polvos, chocos,....recuso a compra. A volta a casa é demorada. Ainda falta ir ao outro lado. Onde está o Pontão. Aqui as crianças atiram-se a agua de pé ou de cabeça. São iguais às de Porto Santo, da Ribeira ou dos Açores. Também fui uma criança dessas. Tiramos fotografias juntos. Na saída do Pontão abriram-me uma frota fechada com um cadeado. Ordens dadas por um Tuga mecânico eremita que ali cuidado dos seus barcos e dosei glorioso passado. Agradeci mas não falei com ele. Preferi imaginar o que ali lhe retinha. Amores. Só isso faz estancar uma vida. Uma última volta pelo mercado artesanal, abrigado, numa estrutura com telhado de palha escura. Bonitas e variadas peças observei. A arte Africana no seu Melhor.  Há que tomar horas para o regresso a Viana.  
Partida agora no lado oposto ao da chegada. Junto ao grande Reservatório elevado. Agora o táxi é azul, Toyota Hiace, como são quase todos. Rápidamente encheu. Parece que a viagem agora é mais rápida. Estamos na estrada de Catete, na SGO, o dinheiro da passagem passa das mãos de um para outro passageiro, 100 AKZ, tarifa única, até chegar ao cobrador. Agradeço a quem recebeu o meu. Pedi-lhe desculpa por a ter interrompido comendo, que estava, uma Banana Assada de muito bom aspecto. Ora essa ! É servido ? Não recusei a amabilidade. Obrigado, sim quero.  Ela sorriu. E tanto disse! Quem não pareceu que gostasse foi o seu acompanhante. Olhou me de uma forma que quase parecia dizer que aquele bocado lhe pertencia. Porém o sorriso da senhora indicou o contrário





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